quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Foram gastos 134 milhões de euros em consultas externas

Os auditores analisaram quanto o Estado gastou com pessoas ou empresas privadas, em contratos por tarefa ou por avença.

Em 3 anos - 2004, 2005, 2006 - foram gastos 134 milhões de euros em consultas externas.

O Ministério que mais gastou foi o do Ambiente, com 37 milhões de euros, quase 28% do total gasto por todos os ministérios. Os que gastaram menos foram o Ministério da Segurança Social e o Ministério do Turismo.

Há um grande desvio entre os valores orçamentados e o que foi pago aos particulares. O excesso chega quase aos 50%. O relatório identifica uma ligeira melhoria.

O Tribunal de Contas descobriu que o estado tem 96 órgãos consultivos e também esses recorrem a serviços externos. Gastaram 7,4 milhões de euros.

Ou seja, as entidades são pagas pelos contribuintes para estudarem os assuntos, mas estão a contratar outros para estudarem por eles.

Esta situação, diz o relatório, só devia ocorrer depois de uma "cuidada e rigorosa justificação, em termos de boa gestão dos dinheiros dos contribuintes".

Tribunal de Contas pede maior transparência

Na consulta à amostra de 13 entidades dos serviços públicos, os auditores encontraram várias situações que não se enquadram nas boas práticas europeias e internacionais.

Em muitos casos, as entidades do estado não fizeram qualquer análise custo-benefício.

Também não há instrumentos de controlo. Em algumas situações os relatórios foram pagos na totalidade e nunca chegaram a ser entregues.

O Tribunal de Contas identificou ainda estudos que, no final,não foram aproveitados.

Estas situações ocorreram em serviços e organismos directamente dependentes de membros do governo ou tutelados por eles.

As 13 entidades analisadas pediram 1.353 estudos e pareceres. Pagaram quase 30 milhões de euros, cada uma custou em média 22 mil euros.

Cerca de 30% das adjudicações de estudos concentraram-se em duas empresas: Sérvulo Correia & Associados e a Accenture e duas entidades públicas: o Laboratório Nacional de Engenharia Civil e a Faculdade de Ciências e Tecnologia, da Universidade Nova de Lisboa.

As duas empresas privadas ficaram com 81% das adjudicações. O tribunal considera que há, por isso, falta de transparência.

O Tribunal de Contas recomenda ao Governo que cumpra as normas legais em vigor, que orçamente melhor estes serviços e ainda regras mais claras para a contratação de serviços externos.

Noticia no JN